Tudo se inicia como uma brincadeira de criança. Era o natal de 1972, eu tinha 9 anos de idade e sonhava como toda criança em Ter uma bicicleta, mas para alguns, essa empreitada é diferente. Possibilidade de Ter é diferente de Usufruir, poder brincar. Nem todos que podem possuir alguma coisa podem usufruir, e isto sem dúvidas é o mais importante: “Poder” Usufruir.
Recordo-me ainda que quando morávamos em uma casinha nos fundos da casa de minha avó no Bairro de Rocha Miranda eu e meus irmãos tínhamos nossos brinquedos, como velocípede por exemplo, mas não podíamos brincar pelo quintal, pois nossa avó reclamava que nós estragávamos as paredes de sua casa, portanto eu tinha uma vontade de liberdade que era embarreirada naquela época. Isso ocorria antes um pouco de nos mudarmos para a Vila da Penha que foi quando eu ganhei a minha primeira bicicleta, ainda que usada, era a minha máquina, a minha velocidade, a minha Bike, a minha liberdade em “um mundo novo” a Vila da Penha.
Bem! Agora era diferente, eu podia usar a minha máquina, e recordo-me como se fosse hoje, depois de tantos anos. Peguei minha bicicleta, aro 20, pequena, mas muito grande para uma criança de 9 anos. Naquele dia meus pais me haviam feito uma surpresa, levaram-me para passear e quando chegamos… lá estava ela me esperando. A minha máquina, minha primeira bicicleta. Logo a peguei e sai correndo pela rua, que na época era de terra. Corria como alguém que quer Ter a certeza de estar livre e alguns coleguinhas disputaram corrida comigo. Mas naquele dia não tinha graça, eu ganhava todas é claro, com tanta empolgação pela novidade, era covardia…
Alguns anos passaram-se e eu estava sempre com minha companheira de sempre: A minha linda namorada, eterna, aquela que sempre estava comigo e melhor , me levava para onde eu queria.
Como liberdade e vontade de ir e vir sempre estiveram intimamente ligados eu precisava “viver” isto, e foi assim que, sem muito planejamento estava agora com 15 anos e morando na Barra da Tijuca, mais precisamente em Nova Ipanema, quando então ganhei minha primeira Bicicleta aro 28 este era o ano de 1978 .
No tempo em que moramos na Barra os fatos mais marcantes eram os pequenos passeios que fazia até a praia ou até o pequeno Píer na Lagoa de Marapendi (dentro do condomínio) onde há uma Balsa que atravessa as pessoas para a praia. Estes pequenos passeios de fato eram pequenos tendo em vista as aventuras que narrarei mais à frente, porém na época eram sementes da árvore que iria nascer.
Nesse condomínio, Nova Ipanema, o fato mais marcante foi uma competição organizada pelo próprio condomínio, onde tiveram muitas maratonas: Corrida a pé, jogos de bola diversos, tênis, sinuca, além é claro de uma corrida de bicicletas e lá estava eu, mas sem treino, um pouco cansado e com uma bicicleta aro 28 sem marchas, e o fato é que até hoje eu não sei o que aconteceu, só sei que era um dos últimos na hora da largada e de repente após uma curva em uma pracinha observei que tinha alguma chance de chegar bem colocado na prova e ganhar alguma medalha, foi então que comecei a apertar o ritmo correndo muito e senti pela primeira vez as pernas quentes como se estivessem dando tudo dos músculos e mais alguma coisa que eu não sabia de onde vinha. Valeu a pena, eu não só ganhei uma medalha mas a de primeiro lugar (a tenho até hoje como uma relíquia).
Agora já estamos em dezembro de 1978 e retornando para a Vila da Penha, no dia da mudança, meu pai parou com a família no Makro e comprou uma inesquecível bicicleta, uma Caloi 10, e é por causa dela que irei narrar as aventuras de ciclistas .
Como já disse, em outras palavras, eu podia agora realizar meus sonhos, então eu e meus amigos sempre pedalávamos pela Vila da Penha e às vezes íamos à Ilha do Governador como se estivéssemos indo um pouco além da outra rua, ou do outro quarteirão. Então temos vários episódios a narrar, em primeiro lugar vou comentar um pouco sobre os amigos que faziam estas “viagens”.
Aquerman, um gordinho, mas cheio de gás, este amigo foi em alguns passeios à Ilha do governador e se não me falha a memória uns poucos à Barra da Tijuca, éramos muito amigos e conversávamos muito, seu pai o Sr Carlos era muito inteligente e amigo dos coleguinhas de seu filho.
Ramon, o Intelectual, se formou em engenharia e é “um fera” na sua área, também “viajou” muito com a turminha .
Evandro, o “maluquinho”, no bom sentido. Ele sempre inventava uma “loucura” como por exemplo carrinhos de rolimã, para quem não sabe, são carrinhos feitos com madeira e rodas de rolamento de automóveis, eram muito usados pelas crianças para descer as ruas íngremes como a rua Tejupá que é uma ladeira perigosíssima, aí foi onde eu morava e era de lá que saiam as pequenas excursões, de bicicleta, para a Barra da Tijuca .
Cajá, o gordinho mais “molóide”, este era um amigo bem querido, mas não ia a muitos passeios, na verdade, eu me lembro apenas de um passeio que ele foi e que poderei narrar mais à frente em um episodia e um pequeno acidente ocorrido na Ilha do governador.
Bem, eu não poderia deixar de falar, é lógico, dele o meu primo Alfredo, com quem tive as maiores aventuras, na verdade para ser mais justo este pequeno texto poderia se chamar Aventura de dois ciclistas pois foi na verdade com o Alfredo que fiz minhas maiores aventuras.
É bom esclarecer a você leitor, que não conheceu a turminha, o fato de que esta turma quando fazia estes pequenos passeios que chamo de “aventuras” tinha apenas a faixa de 13 a 16 anos de idade, portanto é por isto que chamo de aventuras. O que de fato na época eram aventuras, e hoje seriam mais ainda, tal é a quantidade de automóveis, a velocidade dos mesmos, e a insegurança em todos os sentidos. Hoje mais do que nunca é fundamental o uso de equipamentos quando se vai fazer um passeio de bicicleta, pegue sua bike, mas pegue também: Capacete, cotoveleiras, roupa própria, luvas etc.
Vamos começar, agora de fato os nossos relatos aventureiros. Estávamos um certo dia conversando, provavelmente no portão da casa do Aquerman ou da casa do Ramon, que ficavam localizadas à rua Tessália na famosa Vila da Penha no Rio de janeiro, quando decidimos: Vamos à Ilha (Ilha do governador) foi mais ou menos assim, se não me falha a memória pois já faz uns 30 anos, éramos em 5, eu (Benito Pepe), Aquerman, Ramon, Evandro e Cajá (Rogério).
Nós combinamos antes:
– Vamos pela calçada é mais seguro.
É verdade nós éramos crianças, adolescentes, mas “pensávamos responsavelmente” e de fato o caminho é perigoso pois se passa pela Avenida Brasil, uma pista de alta velocidade.
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Abraços do Benito Pepe
[…] Esta é uma continuação; clique Aqui para ver a (parte 1) Saímos penso que pela tardinha, ainda longe do anoitecer, e seguíamos sempre que possível pelas calçadas desde a Vila da Penha. Passamos pela Penha, Avenida Lobo Júnior (o viaduto já era uma parte perigosa), e íamos paralelo à Avenida Brasil até onde era possível, quando estávamos na Avenida Brasil nós usávamos a calçada no seu maior trecho, usando as calçadas dos postos de gasolina, os estacionamentos de lojas etc. Já na reta principal para entrar na Ilha do Governador nós continuávamos pelas calçadas e quando não havia jeito e tínhamos que ir pela rua, tomávamos muita cautela e atenção, tanto que graças ao nosso pai celestial nunca tivemos nenhum acidente grave. […]