Quadro com imagem de Renê Descartes. O Racionalismo na Modernidade.

O Racionalismo na Modernidade (continuação capítulo 3.2)

Agora entramos no assunto O Racionalismo na Modernidade. 
 
Na modernidade encontramo-nos com René Descartes (1596-1650) homem que definitivamente influencia o desenvolvimento do pensamento desse período. Descartes era contemporâneo de Galileu Galilei, e se considerava também cientista além de filósofo. Como diz Marcondes em: Textos Básicos de Filosofia.
 
Descartes considerava um de seus objetivos primordiais a fundamentação da nova ciência natural então nascente, defendendo sua validade diante dos erros da ciência antiga e mostrando a necessidade de se encontrar o verdadeiro método cientifico que colocasse a ciência no caminho correto para o desenvolvimento do conhecimento, o que se propõe no discurso do método. (2005, p.73).
O Racionalismo na Modernidade


Dos erros da ciência antiga podemos destacar a ideia da concepção geocêntrica, que acabara de ser combatida pouco tempo antes com Copérnico (1473-1543) desvendando que a terra não é o centro do universo mas sim que faz parte, como os outros demais planetas conhecidos de então, deste universo e que giram em torno do sol, e não estes que girariam em torno da terra estando ela no centro do universo . O sol sim seria o “centro” deste universo, ou seja, o Heliocentrismo.


Relembramos que essa não é uma idéia original de Copérnico que a busca lá nas múltiplas hipóteses cosmológicas do passado, no caso em Aristarco de Samos (séc III a.C). No entanto Copérnico parte dessa hipótese e isto dará um grande ponto de partida para a astronomia moderna.

 

Descartes portanto baseando-se nesses fatos científicos “quebrados”, entre outros, declara que não poderia continuar a acreditar em tudo, sem que fizesse um estudo metódico. Cria então um método que pudesse revelar a “verdade”. Ele diz: “…recebi muitas falsas opiniões como verdadeiras”, era portanto necessário… “destruir em geral todas as minhas opiniões.” E acrescenta … “o menor motivo de dúvida que eu nelas encontrar bastará para me levar a rejeitar todas” como nos diz Descartes em Marcondes (2005, p.74).
 
Assim Descartes desenvolve um método científico e cria regras para que consiga, segundo acreditava, chegar à verdade do conhecimento e isto de forma muito mais simples que o método dedutivo aristotélico, que segundo Descartes deixava dúvidas. O que não evitou que as falsas teorias da antiguidade, como a concepção geocêntrica do universo, fossem apresentadas como válidas, através da formulação lógica que receberam.
 
As quatro regras básicas desenvolvidas por Descartes que deveriam ser seguidas à risca, e que certamente marcaram muito toda a modernidade, são estas conforme explana Marcondes (2005, p.81):
 
 A regra da evidência – que deve garantir a validade de nossos pontos de partida no processo de investigação cientifica;
 
 A regra da análise – indica que um problema a ser resolvido deve ser decomposto em suas partes constituintes mais simples;
 
 A regra da síntese – sustenta que uma vez realizada a análise devemos ser capazes de reconstituir aquilo que dividimos, revelando assim um real conhecimento do objeto investigado;
 
 A regra da verificação – alerta para a necessidade de termos certeza de que efetivamente realizamos todos os procedimentos devidos.

Desta forma Descartes desenvolve um método que o faz crer que assim estaria bem conduzindo sua razão “…meu propósito não é ensinar aqui o método que cada um deve seguir para bem conduzir sua razão, mas apenas mostrar de que maneira procurei conduzir a minha”. Descartes (2005, p.39) Discurso do Método.

Está aí retomada, reavaliada, com Descartes, de forma eminente, a racionalidade, o racionalismo, a razão no mundo ocidental. E desta vez com um método que se apresenta menos “burocrático” e quem sabe mais “eficiente”. É claro que esta retomada, não vem só com Descartes já vinha também com outros pensadores e cientistas da natureza, como Copérnico e Galileu. Mas ele se difere por a ter formalizado, sistematizado.
 
É importante lembrarmos que toda uma concepção, toda uma idéia do mundo, do universo, que estava administrada, estava incorporada na mente das pessoas por quase dois mil anos, é “apagada” de repente – e isto é muito tempo se levarmos em consideração que estas mudanças, esta quebra de paradigma ocorrem há menos de quinhentos anos dos nossos dias – Imaginemos a radical reviravolta cultural que ocorre nesse povo quando um conhecimento de vida tão longa é confrontado, é contestado, se quebra.
Concluímos aqui parte do Racionalismo na Modernidade. Vejamos agora algumas das influências que a retomada deste racionalismo e das pesquisas astronômicas deixam para nossa sociedade e para o ente humano da época, e até mesmo para os nossos dias…
 
Abraços do Benito Pepe
 
Referências Bibliográficas
 
CHÂTELET, François. Uma história da razão: entrevista com Émile Noel. 1.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
 
DESCARTES, René. Discurso do método. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L & PM Pocket, 2005.
 
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 9.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
 
______________. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 4.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
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Anônimo
13 anos atrás

mt obrigada, pela ajuda !

13 anos atrás

Olá “Anônimo” obrigado pela gratidão!
Abraços, Benito Pepe

Izaura Cunha
13 anos atrás

Bom dia, Sr. Pepe
Essa é minha primeira vez que vejo os seus comentários, e gostei muito, parabéns, eles são bem claros e fácil de compreender. Sou acadêmica de pedagogia e estou pesquisando sobre modernidade e pós modernidade.

Quero agradecer pela aula. Você já me auxiliou um tanto com essa matéria.

Desejo Luz Paz e Amor na sua vida
Izaura
Campo Grande/MS

Benito Pepe
13 anos atrás

Olá cara colega Izaura Cunha, obrigado pelo comentário. Esteja à vontade para pesquisar o que quiser no meu Site/blog e comentar eventuais dúvidas que possam surgir. Obrigado!

Abraços do Benito Pepe

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