Continuando…
Podemos observar no cinema ou na televisão uma boa quantidade de filmes ou seriados de ficção científica: invasões extraterrestres e viagens espaciais intergalácticas; que de maneira geral não permitem uma reflexão, não nos possibilitam, em princípio, um pensamento mais elaborado quanto a estas questões. Muito pelo contrário estes filmes que como toda a elaboração da indústria cultural tende a ser acelerada, de maneira superficial, e funciona com a velocidade que não lega tempo para o pensamento.
Assim comenta Chaui (2005)
Como os meios de comunicação nos infantilizam, diminuem nossa atenção e capacidade de pensamento, invertem realidade e ficção e prometem, por intermédio da publicidade, colocar a felicidade imediatamente ao alcance de nossas mãos, acabam nos transformando num público dócil e passivo. (p.299)
Na realidade este é o seu objetivo, infantilizar, deve-se estar dócil e manipulável, aliás a indústria cultural e aqui não se trata só do cinema ou da televisão, mas de revistas, jornais, rádios, etc; enfim todos os meios de comunicações possíveis e imagináveis e os que possam vir a surgir, como a recente Internet, têm uma função que nos parece bem clara, “desenvolver-se” com as massas e como massa é algo maleável aí está uma das questões.
Consequentemente temos a ideia de mass media ou meio de massa que são utilizados pela televisão e pelos diversos veículos de comunicação. A mídia como é usada no Brasil, Estados Unidos e tantos outros países, é o moldador desta massa. Se há massa é necessário “moldá-la”.
Utiliza-se destes caminhos para justificarem-se algumas “viagens espaciais”; a indústria cultural colabora com os governos ou com quem lhes “pague”, na realidade estas viagens são aqui no “quintal” do planeta Terra, estamos falando por exemplo da estação espacial internacional (ISS) que está a aproximadamente e apenas 10% da distância Terra-Lua ou melhor está somente em órbita da Terra (em uma queda constante). Mas tudo isto é mostrado e transmitido pela televisão como se fosse uma grande viagem intergaláctica confundindo a realidade com a ficção dos filmes e seriados. E porque ocorre tudo isto?
Bem, é necessário justificar-se uma verba solicitada ao congresso, como o dinheiro vem do povo é imperativo que se mostre na televisão e em outras mídias esta propaganda que, da mesma maneira como foi útil na época da guerra fria e da corrida espacial, agora está caminhando para um turismo espacial e uma supremacia deste “espaço” por alguns (poucos) países.
Como a indústria cultural está interligada à indústria de bens e serviços e a uma “ciência instrumental” e uma passou a depender da outra, da mesma forma a propaganda governamental e todos os seus objetivos são incessantemente articulados pela mídia.
Precisamos aqui fazer uma pequena distinção entre desejos e necessidades, esta é algo oriundo nos seres humanos, tais como: necessidade de alimento, locomoção, e comunicação por exemplo, mas para satisfazê-las não precisamos comer um caviar ou um pescado que custa centenas de euros em um restaurante francês, não precisamos de um automóvel de ultima geração para nos locomover, e para nos comunicar não precisamos de um celular ultramoderno, que o falar através dele, é o menos importante tão requintado que é este aparelhinho de nossos dias.
Tudo isto são desejos criados por uma “indústria cultural” mercantilizada, em que se usa da estética e da tecnologia, para cada vez mais aprimorar o “embelezamento” dos produtos de consumo. Mas é preciso se separar e distinguir o que é belo do que é simplesmente útil.
Bem, a necessidade é satisfeita independente do desejo. O desejo é normalmente criado em nós e é recriado constante e infinitamente.
Como vimos há necessidades e há desejos o que em geral a mídia e o marketing éticos deveriam fazer seria identificar necessidades e desejos de um público e gerar os bens e serviços para atender a estas necessidades, na realidade o que ocorre é uma criação de desejos que são confundidos com necessidades e são implantados em uma estrutura maior, um esqueleto que passa a ficar interdependente.
O marketing dentro da indústria cultural elabora a criação de tantos desejos nesta massa, que consequentemente o que temos são indivíduos que se tornam produtos. Vejamos e pensemos o tanto de coisas que carregamos quando saímos para trabalhar e até mesmo para o lazer, por que precisamos de tantas coisas? E o pior, tem que ser de tal marca. A imagem passa a nos perseguir. Como somos mercadorias ambulantes, assim nos diz Chaui (2005)
A propaganda passa a estimular imagens de indivíduos vencedores na competição instituída pelo mercado de trabalho: roupas, calçados, bolsas e pastas de grife, sabonetes, perfumes e desodorantes que sugerem requinte e glamour, cosméticos de marcas famosas, etc., passam a constituir o próprio corpo do individuo, formam sua imagem como uma espécie de segunda natureza ou de máscara colada em sua pele. (p.295).
Como nos relembra Chaui, nós precisamos ser mantidos infantis e desta forma mais desejosos de satisfações constantes, em outras palavras, precisamos toda hora de uma “balinha” de um docinho como crianças insaciáveis e pior sem maturidade. Não é interessante que reflitamos, que tenhamos críticas.
Como nos relembra Chaui, nós precisamos ser mantidos infantis e desta forma mais desejosos de satisfações constantes, em outras palavras, precisamos toda hora de uma “balinha” de um docinho como crianças insaciáveis e pior sem maturidade. Não é interessante que reflitamos, que tenhamos críticas.
Entendemos assim porque produtos e mais produtos nos fascinam tanto. Diferentemente de um estudo mais elaborado que exigiriam de nossa mente tanto esforço para compreendê-lo, pois somos doutrinados ou adestrados para de tal forma não entendê-lo, ou não se interessar por ele… será que precisamos, portanto, nos libertar desta caverna, como alegoricamente colocou Platão?
Abraços do Benito Pepe
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Referência bibliográfica
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13.ed. São Paulo: Ática, 2005.
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