A ética e a política estão no campo da deliberação e deliberar bem é saber decidir, a virtude representa o “meio termo”, a justa medida de equilíbrio entre o excesso e a falta de um atributo qualquer. Mas, veremos que Aristóteles distingue a ética da política.
“Deliberações são atividades racionais de descoberta da verdade no campo prático, tendo a estrutura típica de um ato de dar razões e justificar crenças, mas não se reduzem a demonstrações”. Como nos lembra Zingano (2005, p.104)
Aristóteles escreveu muito sobre política, no diálogo perdido Da justiça já se anunciavam alguns dos temas expostos nos oito fragmentos reunidos por Andrônico sob o título de Política. Ele escreveu ao longo de toda a sua vida, mas também nesse tema, como em outros diversos, é pouco o que resta sobre o assunto.
Aristóteles foi o primeiro filósofo a distinguir a ética da política, centrada a ética na ação voluntária e moral do indivíduo enquanto tal, e a política, nas vinculações deste com a comunidade. Dotado de lógos, (“palavra”, “discurso”) isto é, de comunicação, o homem é um animal político, inclinado a fazer parte de uma pólis, a “cidade” enquanto sociedade política. A cidade precede assim a família, e até o indivíduo, porque responde a um impulso natural. Dos círculos em que o homem se move, estão a família, a “tribo”, o trabalho e a pólis, mas só este último constitui uma sociedade perfeita. Daí serem políticas, de certo modo, todas as relações humanas. A pólis é o fim (télos) e a causa final da associação humana. Uma forma especial de amizade, a concórdia, constitui seu alicerce.
Os regimes políticos caracterizam-se pela solução que oferecem às relações entre a parte e o todo na comunidade. Há três formas de regimes: monarquia, aristocracia e politéia (um compromisso entre a democracia e a oligarquia, mas que tende à primeira). À monarquia interessa basicamente a unidade da pólis; à aristocracia, seu aprimoramento; à democracia, a liberdade. O regime perfeito integrará as vantagens dessas três formas, rejeitando as deformações de cada uma: tirania, oligarquia e demagogia. A relação unidade-pluralidade aparece, ainda, sob outro aspecto: o da lei e da concórdia como processos complementares.
Aristóteles diz que o homem não é apenas um “animal racional” mas também um “animal político”. Porém essa atribuição se dá aos homens que têm seus direitos políticos e os usam em parte maior ou menor para a administração da cidade ou seja os homens-cidadãos.
Em Ética a Nicômaco Aristóteles diz:
Assim, para Aristóteles a verdadeira felicidade do homem só se alcança quando este vive plenamente sua racionalidade e vivê-la significa, viver a nossa “alma racional” e os valores da alma são os valores supremos para Aristóteles.
Diferentemente de Platão, que dizia ser a arte apenas uma cópia da cópia por ela copiar algo que já era uma cópia do Mundo das Ideias Aristóteles não condena a Arte apesar de também reconhecê-la como mimese (imitação da “realidade”), Aristóteles até atribui valor à Arte enquanto “purificador” (conceito de “catarse”), ela liberta das paixões.
Na Poética, Aristóteles confere grande relevo a sua teoria da tragédia, que exerceu notável influência sobre o teatro desde a época do Renascimento. Segundo sua própria concepção de poesia, salientou a importância da imitação ou Mimese, não como mero decalque da realidade, mas como uma recriação da vida: a tragédia imita “não os homens, mas uma ação e a vida”. Também a ação, para Aristóteles, é fundamental: os caracteres devem surgir como sua decorrência, recomendando o filósofo o recurso à ação histórica, tomada de empréstimo para a obra de arte. Preocupado ainda com o efeito da tragédia sobre o espectador, enuncia seu conceito de “Catarse” (cathársis, purificação das paixões), objetivo que, para Aristóteles, é indispensável.
Abraços do Benito Pepe
pq vc nuu concorda com o pltão?
Olá, Obrigado pelo comentário, me ajuda a esclarecer algumas dúvidas que aparecem às vezes.
Quem disse que eu não concordo com Platão, se você está falando comigo Benito Pepe (autor deste Site/blog), é claro que você não entendeu que “quem está falando acima” é Aristóteles, é claro que estou transcrevendo de maneira bem superficial as ideias de Aristóteles e é claro também que ele, Aristóteles, teve algumas discordâncias com o seu mestre Platão, mas isso não significa que Aristóteles tenha discordado em tudo de seu mestre, muito pelo contrário, é bom relembrar que ele permanece na Academia de Platão durante 20 longos anos.
Quanto a mim posso dizer que como estudante eterno e professor de filosofia, não me sinto no direito de concordar nem discordar desses grandes mestres da Filosofia. Portanto o que faço é transcrever seus pensamentos, há alguns textos aqui que de fato você encontrará minhas opiniões mas quando o faço, faço em primeira pessoa.
Abraços do Benito Pepe
[…] do Benito Pepe Próximo tópico: Ética, política e Poética – “Ciências Práticas” em Aristóteles Referências bibliográficas deste tópico: CHAUI, Marilena. Introdução à história da […]
Prezado Prof. Benito,
Parabéns pelo seu site. Muito interessante, pedagógico e instrutivo.
Eu não sou filósofo, mas leio bastante sobre filosofia. Já há lgum tempo, que tenho uma dúvida que, se possível, gostaria que me esclarecesse. Relaciona-se com o concieto de valor(es) em Aristóteles.
Podemos afirmar o seguinte : “já Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), em «A Política (Politéia)», datada de 350 a.C., identificou sete tipos de valor: económico, moral, social, religioso, estético, jurídico e político”.
Isto está correcto?
Se não está como deveremos dizer?
Obrigado pela atenção.
António de Sousa
Olá António, obrigado pelos parabéns quanto ao meu site, ele é tecido e valorizado por pessoas como você que deixam comentários e questionamentos do teu nível. Obrigado!
Bem, quanto ao teu caso, em primeiro lugar tenho que esclarecer que não sou especialista em Aristóteles, os textos que mais li deste autor foram os textos relacionados a Astronomia e a física. De qualquer maneira acho que o maior valor para Aristóteles, quanto à política, está relacionado a Moral do Homem e da Aplicação desta na Polis, o homem só é homem plenamente, quando em sociedade, em grupo, ou seja na Polis…
Quando você se certificar quanto a este questionamento, ou se houver outro amigo leitor que possa contribuir, ficaremos gratos.
Abraços do Benito Pepe