Uma Caravela afundando na Tempestade. “A reviravolta” do Pensamento Filosófico.

“A reviravolta” do Pensamento Filosófico

No entanto, como dizia Albert Einstein: “a imaginação é mais importante do que o conhecimento”.  E acreditamos que foi e é através dela que a humanidade chegou e segue até os nossos dias. Os conhecimentos de todas as categorias não poderiam existir se não fosse por nossa imaginação;  por isso  gostaria de questionar: porque temos que pensar sempre com a razão? Esta mesma humanidade existe há aproximadamente 2 milhões de anos e esta chamada razão só é mensurada há aproximadamente 2 mil e 500 anos (?) Seguimos então com “A reviravolta” do Pensamento Filosófico.

Esta é uma Continuação do texto > Heidegger e os Gregos: o Ser e o Céu

A filosofia não está ligada a “emoção” ou ao “irracional”, mas à Razão. Porém essa razão na filosofia vem com o tempo, no seu início ela não estava pautada na razão, a filosofia não era nem racional nem irracional, era a philosophia. Os pré-socráticos mantinham “mito” e “razão”, e desenvolveram um pensamento ou “imaginação” que deve ser analisado atenciosamente. Na sua origem a filosofia era uma soma de pathos (emoção) + ratio (razão).

A “apropriação” que se passa a ter do pensamento e do Ser é diferente do mútuo pertencer na origem do pensamento. A busca do ser se findou com o querer ser, e o pior é que se deixa de ser.

O Thauma quanto aos fenômenos da Natureza e quanto ao Ser, permanecerão esquecidos? Algumas situações ocorrem na modernidade e fazem com que o homem se afaste da ideia de imanência e da tentativa de compreender o mundo natural em sua inteireza, como nos lembra Brockelman (2001, p.59-60) e que transcrevo de forma reduzida:

1. Uma delas é a mundivisão cartesiana que retratava a realidade como dividida em dois aspectos, “espírito” e “matéria”, assim a natureza foi dessacralizada, e uma teologia ou cosmologia natural foi considerada impossível; 2. outra é que até meados dos séculos XIX as ciências naturais tinham-se fragmentado em inúmeras disciplinas separadas, cada uma com focos e formas de discursos diferentes. Assim excluíam o Todo e a interdependência dessas partes; 3. Por último temos que o próprio modelo de fazer ciência parecia impedir uma imagem abrangente do Todo na medida em que o objetivo era estudar e reduzir esses todos (incluindo a “natureza”) às suas partes. Assim os todos – e o Todo – foram simplesmente menosprezados porque a ciência estava demasiado fascinada com as partes para notá-los (e notá-lo).

Questionamos: voltaremos agora na contemporaneidade a tentar compreender esse Ser e esse cosmos em sua inteireza, em sua inter-relação, em sua totalidade?

De alguma maneira penso que Heidegger contribui com essa empreitada,  a partir do momento que ele faz, e propõe, uma releitura dos pré-socráticos de maneira diferente das que foram feitas por Platão e Aristóteles,  por exemplo.

Heidegger nos diz que o mundo ocidental desde Platão degrada com o Ser, e isto vai se passando de geração em geração com todos os filósofos que vieram depois. Os primeiros filósofos como: Anaximandro, Parmênides e Heráclito conceberam a verdade como um desvelar-se do Ser como provaria o sentido etimológico de alétheia (desvelamento do Ser). Heidegger comenta a questão do “Mundo das Ideias de Platão” e o exemplo da “Alegoria da caverna”  para justificar seu posicionamento.

No que tange à contemporaneidade damos ênfase  à questão do esquecimento do Ser mencionada por Heidegger em uma analogia com o esquecimento do Céu, nossa origem cósmica; somos poeira das estrelas… Desta maneira o espanto, o Thauma que origina a Filosofia e a Astronomia não pode ser esquecido, não podemos perder o sentido da existência, o espanto não pode acabar. Nesse momento reaparece com a física quântica e a Nova Cosmologia a inteireza do cosmos com o homem e o Todo da existência.

Abrimos um parêntesis e lembramos, sucintamente, a questão da técnica tratada por Heidegger e os desdobramentos que esta “permite” e ao mesmo tempo “des-possibilita” o lembrar-se do Céu. Estamos na era da técnica… Estamos no cúmulo da metafísica ou de uma “outra metafísica” (?)

Em “A questão da Técnica” (1953) ele critica a sociedade industrial  (uma das causadoras  da modernidade) onde se predomina a ciência. E questiona estes valores e princípios modernos. Como transcreve Marcondes, Heidegger diz que:

“A ciência não pensa.” A ciência e sua aplicação técnica seriam incapazes de pensar o ser, de pensá-lo fora da problemática do conhecimento e da consideração instrumental e operacional da realidade típicos do mundo técnico. Na verdade, o desenvolvimento de nosso modelo técnico e industrial é conseqüência precisamente do “esquecimento do ser” na trajetória da cultura ocidental.

A recuperação do sentido originário de ser e da verdade como manifestação da essência se dá através de uma retomada, de uma releitura, de alguns filósofos pré-socráticos, em especial Heráclito e Parmênides (…) (2005, p.267-8).

Em suma podemos dizer que Heidegger se preocupa com a questão do Ser, ou melhor em retomá-la de uma maneira que ele julgava própria e não mais como fora tomada impropriamente. Segundo Heidegger,  o  que o mundo ocidental fez foi esquecer o Ser…  Ele chama de “onto-teo-logia” a introdução de “deus” na ontologia e diz que o mundo ocidental passou a se ocupar e pré-ocupar com os entes, Heidegger pretendia diferenciar o ser do ente.

Continuaremos no próximo tópico analisando outro esquecimento: nossa origem cósmica, ou seja, passamos do esquecimento do ser para o esquecimento do Céu.

Próximo tópico > O esquecimento de nossa origem Cósmica

 Abraços do Benito Pepe 

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