Ruinas gregas. Hegel os Gregos e os “Modernos”: uma fissura para a contemporaneidade.

Hegel os Gregos e os “Modernos”: uma fissura para a contemporaneidade

Abordaremos agora o texto Hegel os Gregos e os “Modernos”: uma fissura para a contemporaneidade, iniciamos com uma pequena introdução…

Introdução

Através deste trabalho de pesquisa sobre a vida, obra e a filosofia de Hegel pretendo mostrar uma panorâmica sobre esse grande filósofo que teve como base de seu pensamento  a Filosofia Grega Antiga (especialmente Heráclito e Parmênides);  a Filosofia Clássica (principalmente Aristóteles)  e a Filosofia dos Modernos (entre eles, Descartes,  Spinoza, Kant, Holderlin, Schiller, Fichte e Schelling).

O hegelianismo portanto  é tributário não só dos modernos,  do racionalismo cartesiano e do próprio idealismo alemão (no qual ele vai ser o ápice), como também é devoto da filosofia grega.

Dos gregos, podemos lembrar, Heráclito de Éfeso, de quem Hegel herda a ideia de dialética, entendida como estrutura da realidade e do pensamento. De Aristóteles, aceita três noções capitais: a do universal, imanente e não transcendente ao individual (antiplatonismo); a do movimento, ou de vir-a-ser, como passagem da potência para o ato; e, finalmente, a das relações entre a razão e a experiência, cuja necessidade interna deve ser revelada pelo pensamento.

Do racionalismo cartesiano, Hegel aceita a ideia da racionalidade do real, ou da consciência das res cogitans (coisa pensante) com a res extensa (coisa material); e do spinozismo, em particular, a intuição de que qualquer afirmação é uma negação, proposição de “importância capital”, segundo Hegel.

Do criticismo Kantiano, base e ponto de partida da moderna filosofia alemã, Hegel herda, de modo especial, a distinção entre o entendimento e a razão e a ideia de uma lógica transcendental que, remontando às origens do conhecimento, considera os conceitos a priori, em relação aos objetos, formula as regras do pensamento puro e vincula as categorias à consciência de si, ao eu subjetivo.

Hegel parte da síntese a priori de Kant, em que o espírito é constituído substancialmente como sendo o construtor da realidade e toda a sua atividade é reduzida ao âmbito da experiência, porquanto é da íntima natureza da síntese a priori não poder, de modo nenhum, transcender a experiência. Aí se vê uma forma de imanência.

De Fichte, Hegel aceita a noção de dialética como processo de afirmação, negação e negação da negação, na síntese; e de Schelling, a noção do idealismo objetivo e da identidade do sujeito e do objeto, na consciência do absoluto.

Como veremos em sua biografia, entre seus colegas na universidade em Tubingen estavam o poeta Friedrich Holderlin e o filósofo Friedrich Schelling, que partilhavam sua admiração pela tragédia grega e pelos ideais da revolução francesa.

Estes filósofos e/ou poetas deixaram muitas marcas no pensamento de Hegel. Quando falamos de Hegel temos que lembrar que os fatos históricos são marcas e componentes intrínsecos em sua filosofia, fatos  como a Revolução Francesa e o advento de Napoleão são acontecimentos capitais. Para ele a Revolução é a tentativa de restauração da cidade antiga,  o triunfo da Razão e da Liberdade, a construção do real de acordo com o pensamento,  e Napoleão é “a alma do mundo”, a individualidade superior que, perseguindo apaixonadamente seu objetivo, é agente “de um fim que constitui uma etapa na marcha progressiva do Espírito Universal”.

E não é à toa que Hegel escrevera a seu amigo Niethammer “Vi o Imperador, esta alma do mundo, sair da cidade a cavalo para uma missão de reconhecimento. É verdadeiramente uma sensação maravilhosa (wunderbar) ver um individuo que aqui, concentrado num ponto, sobre um cavalo, estende seu poder sobre o mundo e o domina.”  (Rovighi, 1999 p.696)

Próximo tópico: Pequena biografia de Hegel

Abraços do Benito Pepe

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