O Renascimento em outra perspectiva começou na Itália e seu desenvolvimento e difusão foram possíveis graças a uma série de circunstâncias da história italiana. Com o progresso das cidades e do comércio, muita gente enriqueceu a ponto de ficar em condições de proteger os artistas e gastar bastante com a Arte; os protetores dos artistas eram chamados “mecenas”. Estes acabavam conhecidos e respeitados por todos.
A Arte os ajudava a conseguir créditos e a divulgar as atividades das suas empresas, contribuindo para o seu progresso. Os príncipes, cada vez mais poderosos, desejando legalizar sua autoridade, recorriam aos “humanistas” que justificavam e divulgavam seus atos e ideias. Como a fato de ser mecenas era sinal de prestígio, o interesse social uniu-se ao econômico e ao político em benefício do Renascimento. A produção artística foi favorecida pelo equilíbrio existente entre as forças universais representadas pelo Papado e pelo Império, que se empenhavam numa luta para o controle político da Itália. Além disso tudo, a Itália tinha sempre diante dos olhos os monumentos, construções e obras de arte da Antiguidade grego-romana.
Foi só bem mais tarde, por ocasião das guerras da Itália com outros países, que o Renascimento atingiu o resto da Europa. Em nenhum desses outros países, no entanto, foi tão “completo” quanto na Itália. Adquiriram-se características próprias em cada um deles, só um aspecto do movimento (intelectual ou artístico) mereceu destaque. Desde o século XIV, a Itália conheceu obras literárias de característica já renascentistas, mas ainda mesclada de elementos medievais (A Divina Comédia, de Dante; Decamerão de Boccaccio; África de Petrarca); seu período de maior produção artística foi entre 1450 e 1550. No restante da Europa foi principalmente durante o século XVI que o Renascimento produziu suas melhores obras. Os homens que viveram durante o Renascimento tiveram consciência de que sua época era bem diferente da Idade Média. Consideravam a cultura medieval muito inferior a da Antigüidade e opunham uma à outra, como se não houvesse continuidade entre elas, julgavam viver um período de luzes depois das “trevas” medievais.
Houve por isso, um retorno à cultura greco-romana, tanto no plano artístico como na maneira de pensar. Isso trouxe a descoberta do valor e das possibilidades do homem, que passou a ser considerado o centro de tudo. Na Idade Média, o centro era Deus. Foi também acentuada a importância do estudo da natureza (em vez dos ensinamentos dos mestres e da tradição, como na Idade Média. A característica mais marcante do Renascimento foi o seu profundo racionalismo, isto é, a convicção de que tudo pode ser explicado pela razão do homem e pela ciência, a recusa de acreditar em qualquer coisa que não tenha sido provada.
Os métodos experimentais, a observação científica, o desenvolvimento da contabilidade, a organização política racional, que começaram no Renascimento, são exemplos desse racionalismo. O Renascimento teve dois aspectos: o civil, ligados às cidades dirigidas pela alta burguesia e pela nobreza ligada ao comércio, e o cortesão, relativo aos príncipes e nobres da corte. Foi o renascimento cortesão que se difundiu pela maioria dos países europeus, pois os temas do Renascimento civil só poderiam penetrar em regiões onde as condições sociais e econômicas fossem semelhantes às da Itália, como foi o caso dos Países Baixos (Bélgica e Holanda).
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Abraços do Benito Pepe
Fonte: História Moderna e Contemporânea de José Jobson de Andrade Arruda.