A Astronomia é uma das ciências mais antigas do mundo, temos indícios desse fato até mesmo em Pinturas Rupestres o que nos dão indicações que já a estudávamos de maneira Observacional e por Amor a este maravilhoso Céu há milênios. O Astrônomo Amador surge portanto antes do astrônomo profissional e continua depois deste.
Não podemos confundir de maneira nenhuma os Astrônomos, sejam eles profissionais ou Amadores, com os Astrólogos. A Astrologia não é considerada uma Ciência, ao menos pela concepção que temos de Ciência hoje em dia. Para que um estudo seja considerado cientifico é preciso que ajam confirmações teóricas e/ou observacionais, há um critério rigoroso e estudos aprofundados, ainda assim são passíveis de crítica até que surjam novas teorias. No caso da Astrologia em que se fala dos horóscopos por exemplo, afirmando que as “constelações zodiacais” e os “astros celestes” podem influir na vida das pessoas é um campo não científico. Podemos respeita-la, mas não considerar a astrologia como ciência.
Quanto à Astronomia, acreditamos que essas observações celestes, por curiosidade e amor ao lindo e misterioso céu, foram tornando-se estudos e se intensificando a partir do momento em que o homem vai deixando de ser nômade e torna-se sedentário. Com isso esses primeiros estudiosos e apaixonados passam a ter a noite a seu dispor para observar o Céu mais criteriosamente.
A astronomia se distingue da maioria das outras ciências por vários aspectos, um deles é o fato de não termos o objeto de estudo em nossas mãos, outro aspecto é que a Astronomia é uma paixão que muitos têm simplesmente ao contemplar um Céu estrelado em uma noite na montanha ou em um lugar bem afastado das cidades. Quem já teve tal oportunidade certamente se encantou com o que vivenciou, e isso seguramente ocorreu desde os primórdios da humanidade. Então estamos falando de uma paixão e amor por um deslumbramento, um encantamento bem diferente da maioria das outras ciências.
Outro fato bem marcante nesta ciência é que, embora os objetos de estudo não estejam em nossas mãos, todos podem contemplar e se Deslumbrar com o Céu estrelado “acima” de suas cabeças com muita naturalidade. E assim podemos portanto começar a estudar de maneira observacional e teórica a este céu.
A Astronomia dessa maneira é uma ciência que está, desde seus primórdios, mais ligada a uma paixão ou Amor ao conhecimento do que a qualquer outro motivo. Assim consigo ver na Astronomia o mesmo thauma (espanto, deslumbramento) que os homens tiveram com o Céu, como vejo o thauma no “pensar” da filosofia. A propósito a palavra Philosophia vem do Grego Philos = Amizade, amor e Sophia = Conhecimento, Sabedoria, daí Filosofia = Amor ao Conhecimento (veja meu texto: O que é filosofia? O que faz um filósofo? Para que estudar filosofia?). Acho que o Astrônomo Amador poderia ser chamado de “filosofo astrônomo”, ou seja, aquele que tem amor ao conhecimento astronômico.
A astronomia está bem achegada à filosofia, em ambas encontramos um thauma, em ambas há um Amor. Neste contexto podemos entender que quem faz algo por Amor é um Amador, então o “Astrônomo Amador” é este que estuda a Astronomia por paixão, por amor ao conhecimento astronômico. Por isso somos “astrônomos amadores”, fazemos por amor.
No caso do “astrônomo profissional”, como em qualquer outra profissão, também há um amor é claro. Pois se alguém escolhe certa profissão espera-se que o tenha feito por gostar de tal tema, embora saibamos que há muita gente que escolhe profissões por questões financeiras e, muitas vezes, passam uma vida profissional infeliz. Este não é o caso do astrônomo. No entanto esses astrônomos profissionais precisam desempenhar o que lhes é determinado, ainda que muitas vezes não seja aquilo que de fato eles mais apreciariam fazer.
Não é o que ocorre com o “Astrônomo Amador”, pois estes têm suas profissões laborais em outros campos e a astronomia é exercida em horas vagas e com paixão horas a fio. Portanto não há um interesse profissional nem financeiro na Astronomia amadora, muito pelo contrário o astrônomo amador despende dinheiro com seus estudos prazerosos, e esses gastos recaem sobre livros, equipamentos e artefatos astronômicos.
Então o que fazem os Astrônomos? Os astrônomos amadores tanto quanto os profissionais podem estudar uma diversidade imensa de assuntos. Em primeiro lugar precisamos distinguir dois grupos que serão subdivididos: os Astrônomos Observacionais e os Teóricos.
No caso dos astrônomos observacionais, temos os que apreciam o que chamamos de Céu profundo, ou seja, observam galáxias distantes e objetos fora do nosso sistema solar, e há os que apreciam os estudos mais “próximos” como cometas, asteroides, meteoros, planetas vizinhos e seus satélites etc.
Quanto aos Astrônomos amadores, há os que apenas querem contemplar o céu e os objetos celestes, mas há os que de fato são aficionados em fazer anotações e estudar a fundo tudo o que observam, estes contribuem e muito com a Ciência.
Para evidenciar a importância dos Astrônomos Amadores para com a Ciência é bom destacar que há conferências em que estes se reúnem com os profissionais. Vamos citar algumas descobertas recentes feitas por “Astrônomos Amadores”:
Um Exoplaneta em janeiro de 2012; Dois Cometas descobertos em fevereiro de 2012; Um Asteroide próximo à Terra em 2011; Uma Nebulosa Planetária em 2011; Um Pulsar Binário perturbado em agosto de 2010; e Impactos sobre Júpiter em 2010. Uma descoberta de brasileiros que impressiona é uma “Nova”, ou explosão de estrela, em 1999. Entre outras milhares de descobertas se considerarmos todo o tempo da Astronomia.
Pouca gente sabe, mas há Telescópios proporcionados através da tecnologia da Internet, como por exemplo o Telescópio Faulkes que são disponibilizados para Astrônomos Amadores. Este Telescópio está localizado no Havaí, tem um espelho de 2 metros de diâmetro, e também é útil para professores e estudantes cadastrados.
Com relação aos astrônomos teóricos ocorre o mesmo, há aqueles que buscam o conhecimento simplesmente pelo conhecimento e por prazer ao saber e à reflexão. E há os que estudam mais sistematicamente contribuindo com a ciência, seja ele um astrônomo profissional, amador, físico, matemático ou qualquer teórico que possa complementar algo mais aos estudos cosmológicos. No “campo das teorias” há uma história da astronomia, física e cosmologia que é fascinante e importante para todo astrônomo teórico. Encontramos uma diversidade de teorias, postulados e hipóteses que são fascinantes dês dos primeiros estudos na Grécia, passando pelas teorias geocêntricas aristotélicas e ptolomaicas, Heliocentrismo, estudos da gravidade de Isaac Newton e relatividade de Einstein, “física quântica”, “teoria das cordas”, “buracos de minhoca” etc.
Entre estes dois grupos básicos de astrônomos citados: os Observacionais e os Teóricos. Há uma corrida permanente, hora um está na frente, hora o outro. Por exemplo, às vezes surge uma teoria que vem prever certa situação no cosmos, e então os astrônomos observacionais começam a procurar tal situação e conseguem encontrar e comprovar a teoria. Como foi o caso, por exemplo, da teoria da relatividade de Einstein com a questão da Curvatura do Espaço. Outras vezes são os observacionais que encontram no Céu certa situação e depois de algum tempo é que os teóricos vão entender e desenvolver uma teoria pra explicar o que os observacionais viram primeiro.
Bem, o fato é que esta é uma “corrida” que só há vencedores, pois todos ganham com mais conhecimento. Sejamos profissionais ou Amadores o importante é que estudemos sempre com Amor.
Abraços, Benito Pepe
Professor, boa noite!
O que achou do novo buraco negro descoberto, que esta botando em cheque a teoria da evolução das galáxias. Adoro quando teorias são quebradas!
Olá Wagner Borges, obrigado pela informação e pergunta. Bem, em primeiro lugar é muito cedo para falarmos em “teorias quebradas”. Mas é claro que os estudos cosmológicos sempre vão somando conhecimentos. Para este caso ainda não se há nem sombras de conclusão… mas como dizia Isasc Newton: “Se alcancei patamares tão elevados, foi porque me debrucei sombre ombros de gigantes” acho que o nosso conhecimento é uma soma, a pesar de muitas vezes precisarmos subtrair para somar novamente…
Abraços, Benito Pepe