Não sei se sou ateu, se sou agnóstico, se acredito pouco ou se acredito imensamente em Deus… Mas estarei Conversando sobre Deus.
Por Alessandro Lyra Braga*
Não me considero uma pessoa de fé. Sempre vivi num imenso conflito íntimo, desconfiando de tudo e sendo até muito cético em muitos momentos de minha vida. Porém, às vezes tenho a convicção que Deus existe de fato, mas que se ausenta, escondendo-se, certamente por vergonha de sua criação. E este é um assunto que em minhas conversas com padres e pastores eu jamais consegui obter alguma resposta que me satisfizesse por completo. Eles sempre idolatram ou absolvem Deus por tudo, e até me culpam por ser questionador. Não acredito que Deus precise ou queira ter advogados em seu nome. Se fomos criados à sua imagem e semelhança, então, ao sermos questionadores, estamos sendo como Deus é.
Continuemos Conversando sobre Deus
A questão é que talvez Deus não seja um velhinho que fique sentado numa nuvem dando ordens ao seu bel prazer. Se for uma força cósmica abstrata e ainda que sejamos incapazes de ter plena compreensão dessa magnitude, então falar sobre Deus é especular sobre o que não podemos ou temos condições de entender, até mesmo pelo limitado alcance de nossas mentes e de nossa ciência. E quando falo em ciência, acredito que a ciência da Terra ainda esteja no ponto de partida para a compreensão do que significa o universo, ou seja, a especulada morada de Deus.
Assim, mesmo sem compreender Deus plenamente, os homens criaram a Teologia: a ciência de Deus, na vã ilusão de ser possível conquistarmos e dominarmos tudo sobre o Supremo Criador. Baseados em livros sagrados, os homens de carne e osso estabeleceram doutrinas e/ou dogmas que deveriam ser seguidos à risca. Deus é uma entidade única, mas que tem vários nomes, podendo ser Alá, Olorum, Tupã, Oxalá, dentre uma infinidade. Além de inúmeros livros sagrados, inúmeras outras religiões e denominações surgiram, gerando discórdias e guerras santas, onde cada religião acredita ser a dona ou conhecedora da verdade e de seu próprio deus, impondo sentimentos de culpa e temor aos seus seguidores. O verdadeiro amor a Deus e de Deus para com sua criação deveria ser totalmente desprovido de medo, vergonha ou culpas, e por isso precisamos continuar conversando sobre Deus.
Como exemplo do uso e interpretações distorcidas da concepção divina está a figura de Jesus Cristo, que para o mundo ocidental, é a própria personificação de Deus, representando o bem e o amor incondicional. Jesus nunca pregou que se matasse em seu nome ou que fôssemos intolerantes. As pregações de Jesus sempre foram libertárias e tolerantes, refletindo um pacifismo que até hoje nossa sociedade não conseguiu verdadeiramente atingir e, pessoalmente, não acredito que nos próximos séculos conseguiremos atingir. Convém lembrarmos que Jesus seria o filho de Deus enviado à Terra para nos libertar de todos os pecados, mas não somos nós filhos de Deus também? Então por que não tentarmos nos libertar de todos os pecados por nós mesmos? Será que não somos capazes de tal proeza?
Ainda que eu viva nesta busca por informações, tenho meus conflitos pessoais e de aceitação das doutrinas que me são apresentadas. Confesso que ainda não tive a tal revelação de Deus em minha vida. Talvez por isto que eu ainda seja tão crítico e cético para algumas coisas. Lembro-me do poeta português Guerra Junqueiro quando disse que “a Terra é uma obra tão infeliz que nem um aprendiz de Deus a assinaria”. Assim quando ando pelas ruas e vejo a quantidade de mazelas, conflitos e degenerações de toda espécie, pergunto-me que pai deixaria seus filhos passarem por tal situação sem dar “uma mãozinha”. Quando escuto aquelas desculpas do tipo “é assim porque Deus quer!” fico profundamente irritado. Fico ainda mais irritado quando os kardecistas defendem que tudo o que passamos são resgates de outras vidas e que temos que superá-los para nossa evolução. Mas, evolução para onde? Para junto de Deus? Mas ele não está sempre entre nós, como dizem nos templos? Assim, não vivemos esta vida apenas e plenamente, e sim os rabichos de outras encarnações, num ciclo enlouquecido, que parece não ter fim.
Também fico imaginando como Deus deve se envergonhar do verdadeiro comércio que é feito em seu nome. Sacerdotes de várias religiões praticamente oferecem “serviços e dádivas celestiais” em troca de dinheiro e poder político. O que não aceito é que estas pessoas não sejam atingidas pela justiça divina de forma contundente, vivendo quase que como semi-deuses. A manipulação das massas em prol de interesses privados escusos deveria ser considerada um pecado gravíssimo, mas não é bem assim. Para muitos isto é um dom divino, que deverá ser reverenciado por todos. É lastimável que ainda exista gente que pense assim.
O que percebo é que em nome de Deus tudo é feito ou dito. No entanto, o que menos o ser humano faz é procurar avaliar suas culpas e não colocar as soluções nas mãos mágicas de Deus. Se ele é nosso criador, ele não é nossa mente, pois temos o livre arbítrio. Pode até olhar por todos nós, mas nós é que somos responsáveis pelos nossos atos, e, quando entendermos isto, talvez consigamos conhecê-lo como somos por ele conhecidos. Ou não!
*Alessandro Lyra Braga é carioca, por engano. De formação é historiador e publicitário, radialista por acidente e jornalista por necessidade de informação. Vive vários dilemas religiosos, filosóficos e sociológicos. Ama o questionamento.
Abraços do Benito Pepe
Espero que tenha gostado do Texto Conversando sobre Deus, então deixe seu comentário…
Bacana meu camarada! Falar sobre este tema requer coragem, audácia e sabedoria. Parabéns pelo texto! representa claramente a impressão que eu tinha de você quanto ao tema, é claro que sei que você tem muito mais reflexões e pensamentos que aqui não foram expostos, pois para isso seria preciso mais letras e mais texto… Mas como diz ditado popular: “Deus escreve certo por linhas tortas” (a propósito, Deus escreveu (?) quero também dizer que neste tema eu fico com Sócrates e sua famosa frase: “Só sei que Nada Sei”, aliás, Sócrates nada escreveu…).
Abraços, Benito Pepe.
Olá meu camarada, quanto tempo? Muito interessante este texto do Alessandro Lyra, e eu, dentro do meu modesto entendimento vou tentar fazer um comentário.
Meu caro e sábio Alessandro. Desde os princípios da minha juventude até a minha presente idade de mais de setenta anos, tenho-me lançado sempre temerariamente no meio dessas profundezas oceânicas, pondo de lado cautela e covardia; tenho escarafunchado todo recesso escuro, encarado todo problema, mergulhado em cada abismo, escutando o credo de cada seita, tentando descobrir as doutrinas intimas de cada comunidade. Tudo isso tenho feito para poder distinguir entre o verdadeiro e o falso.
Desta forma disse a mim mesmo: “Para conhecer o que são realmente as coisas, preciso tentar descobrir o que realmente é o conhecimento,”.
Então, investiguei as várias espécies de conhecimento que eu possuía, e encontrei-as destituídas da infabilidades desejada, exceto no caso da percepção sensitivas e das verdades necessárias e da afirmação dos sentidos.
Com extrema severidade, passei, portanto a refletir sobre a percepção sensitiva e as verdades necessárias, para ver se elas poderiam fazer-me duvidar delas. O resultado foi que a dúvida invadiu a percepção dos sentidos.
Por fim, Deus curou-me da doença. Meu ser foi restaurado à saúde. As verdades necessárias do intelecto voltaram a ser mais uma vez aceitas, quando reconquistei a confiança em seu caráter certo e fidedigno. Isso não surgiu pela demonstração sistemática ou argumentação disciplinada, mas por uma luz que Deus, o Altíssimo lançou em meu peito. Essa luz é a chave para a maior parte do conhecimento.
Meu caro Alessandro, faça uma reflexão das suas próprias palavras, postadas neste texto e, principalmente no titulo do mesmo CONVERSANDO COM DEUS, aí você vai sentir a REVELAÇÃO DE DEUS EM SUA VIDA.
Confesso que não sigo nenhuma doutrina religiosa, mas procuro seguir os mandamentos do Mestre JESUS CRISTO, e tenho Ele, como meu salvador. Acredite meu irmão, você é realmente um Abençoado, um feliz Natal e próspero Ano Novo.
E a você meu camarada Benito, aproveito a oportunidade para desejar-lhe um Feliz Natal e próspero Ano Novo, parra você e todos da família, AH ia esquecendo! isto se o mundo não acabar no dia 21. Vi uma reportagem na internet, que a NASA esta recebendo milhares de E-malis de pessoas perguntando sobre o fim do mundo no próximo dia 21, e que muitos estavam ameaçando suicidar-se e matar seus filhos para não assistir o Apocalipse.Não sabem eles que o calendário maia, é igual uma folhinha de cozinha passou o dia, vai lá no dia seguinte e risca o anterior. É muita falta de fé em nosso Mestre, gostaria que fosse verdade pois iria recebe-lo de joelhos curvados ao chão e cheio de alegrias….
Valeu meu grande amigo JM Dias, sábias palavras como sempre! Você é um verdadeiro Filósofo na essência da Palavra.
Abraços, Benito Pepe
Acho Bom que ainda exista pessoas com esses pensamentos, precisamos de mais pessoas assim, porque muitas delas hoje em dia são limitadas e não procuram pensar sobre esse tal Deus que eles tanto falam, sinceramente tenho dúvidas quanto a existência de Deus, acho que nós precisamos nos questionar mais, apesar de nova também sou muito cética quanto a esses assuntos…
GOSTEI MUITO DO TEMA, E ESPERO VER NOVAS POSTAGENS SOBRE ISSO.
Olá Thauany, obrigado pelo comentário no meu Site/blog.
Bem, só preciso esclarecer, pra você e pra todos que leiam os comentários aqui neste texto, que esta não é a minha opinião. Observe que quem escreveu este texto foi o Alessandro Lyra Braga, ok? Mas eu gostei do texto e dos seus questionamentos e argumentos, e por isso o publiquei pra gerar debates mesmo.
No entanto eu creio em “Algo” superior e que nos transcende em vários sentidos, e um deles é quanto ao nosso próprio conhecimento “primário” a meu ver. Portanto acredito Naquele que se convencionou chamar de Deus. Mas não o entendo como grande parte da população o compreende, posso afirmar que de maneira simplista. Não! Deus pra mim é muito mais… mas esse debate fica aqui em aberto para todos que queiram prestigiar com suas opniões…
Abraços, Benito Pepe