Currículos de Ensino Religioso e Convergência com a BNCC

Continuamos com este artigo adaptado para esta publicação, onde falamos, entre outros assuntos, da problemática da discriminação e do pré-conceito religioso, nessa seara abordamos desde a parte I, quando mencionamos um pouco o que é o Ensino Religioso, e nas partes seguintes tratamos de tópicos correlacionados até este fechamento que segue quando falamos dos Currículos de Ensino Religioso e Importância da Convergência com a BNCC.

Continuamos então, abaixo, a sequência da parte III

Parte IV
2.2. Este componente curricular, analisado acima, é convergente ou divergente em relação à BNCC?  

Seguimos então com esta reflexão que já iniciamos no tópico anterior apresentando partes do currículo proposto para o ensino religioso pela prefeitura da cidade de Ibiassucê, quanto ao mesmo ser convergente ou divergente em relação à BNCC. Como observamos anteriormente, encontramos alguns pontos que convergem com o documento proposto pela Base Nacional Comum Curricular, no entanto há outros que nos parecem dispares e um tanto quanto utópicos, principalmente quando oferecidos para crianças nos anos iniciais do ensino fundamental, como é o caso das Unidade Temáticas acrescentadas na proposta dessa prefeitura e que permeiam todos os anos dessa fase do ensino básico, até o 9º ano letivo, como: Meditação; Consciência; Autoconhecimento.

Além desses acréscimos nas Unidades Temáticas, e por causa deles, criaram-se também outros Objetivos de Conhecimento e outras Habilidades foram requeridas, o que fez com que o Currículo se tornasse, ao nosso entender, demasiadamente longo. Interessante, como observamos, é o fato de que eles não mexerem e não acrescentaram nada nas Competências propostas pela BNCC, o que fez com que procurassem encaixá-las dentro do currículo proposto por eles.

Em suma, como fizeram acréscimos, mas mantiveram todos os tópicos propostos no documento da BNCC, quanto as Unidades Temáticas, Objetivos de Aprendizagem e Habilidades e Competências, e como dissemos, não suprimiram nenhum desses itens, o currículo portanto tem convergência e divergência. Converge no que tange a ter toda proposta inclusa em seu currículo, no entanto diverge por acréscimos que nos parecem demasiados e utópicos, principalmente quando apresentados nos anos iniciais do ensino fundamental.

2.3. Pode esse Currículo de Ensino Religioso, analisado acima, servir como ferramenta de combate à Discriminação e/ou intolerância religiosa?

Este tópico segue em consonância com os últimos temas e considerações que apresentamos no capítulo 1 deste artigo, quando de maneira geral, abordamos a questão em pauta, no entanto agora falaremos especificamente quanto ao currículo proposto e analisado por nós nesse capítulo 2, supracitado.

Em termos gerais observamos que o currículo proposto pela prefeitura de Ibiassucê, embora muito alongado e acrescido de outros itens, como já mencionamos nos tópicos acima, tem todos os requisitos e condições para servir como ferramenta de combate à discriminação e/ou intolerância religiosa, como vimos, o que eles na prefeitura dessa cidade fizeram foi acrescentar algo a mais no currículo, e isso nos incomodou pois corre-se o risco de desviar-se da atenção principal proposta pela BNCC.

Portanto nos pontos em que o currículo proposto se adequa e converge com a BNCC, ao nosso ver, pode colaborar como ferramenta ao combate à discriminação e a intolerância religiosa. No entanto como dissemos antes no capítulo 1, é bom lembrar que tudo isso depende também e principalmente do professor-facilitador que ministrará esses encontros e debates, além é claro de toda a sua preparação para exercer tal função. Este professor-facilitador deve saber no que focar, de acordo com o seu grupo de discentes o que não é tarefa simples, principalmente tendo-se um currículo como esse mencionado acima.

Considerações Finais

Até agora entendemos um pouco mais sobre o Ensino Religioso e quanto a sua importância como uma das ferramenta de combate à discriminação e/ou intolerância religiosa. Vimos que a tarefa não é simples nem fácil, porém não podemos esmorecer, devemos e precisamos ser resilientes e focar nas pessoas e em todas as suas alteridades e diferenças, respeitando e demonstrando a todos, através de exemplos, com base no currículo proposto pela BNCC, e adequando-o ao nosso grupo social.

Percebemos que, de fato, as propostas de conteúdo programático da área e disciplina “ensino religioso” tanto quanto os “componentes curriculares” são de extrema necessidade e precisam estar em adequação e consonância com os documentos propostos pela Base Nacional Comum Curricular. Compreendemos que pode haver algumas alterações e acréscimos em currículos propostos pelas instituições de ensino, no entanto nunca perdendo de vista o horizonte e as orientações da BNCC.

Percepções quanto a Análise de uma proposta de Currículo

Analisamos um currículo de uma prefeitura e percebemos que havia pontos convergentes, no entanto outros que divergiam da proposta da BNCC, dessa maneira, mais uma vez fica claro para nós o destaque que deve ter o professor-facilitador nesta trama. E que o mesmo deve ser muito bem-preparado e isento, entendendo-se como um colaborador nesse processo.

Notamos que um currículo para o Ensino Religioso, não precisa e não deve ser engessado, muito pelo contrário, ele pode ser adaptado de acordo com o grupo para o qual será aplicado, no entanto é necessário que se tenha em foco as faixas etárias às quais o mesmo será aplicado, dessa maneira destacaremos o que se pode abordar de acordo com os nossos discentes.

Lembramos mais uma vez a importância do pensamento reflexivo e que a filosofia poderia e deveria entrar já no ensino fundamental, a partir dos anos finais, propiciando uma abertura e sinalização para o ensino médio, ademais a filosofia é sem dúvida um grande componente para a reflexão e colaboraria nesse contexto.

Em breve seguirá um pequeno vídeo complementando este Artigo o que fará parte de nossa tentativa em AGIR.

Abraços, Benito Pepe

Bibliografia e Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/escola-em-tempo-integral/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal.pdf Acesso em: 09/10/2024.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.

Prefeitura Municipal de Ibiassucê. Consulta Pública – Referencial Curricular da Educação Básica do Município de Ibiassucê. Parte IV. Área de Ensino Religioso. Componente curricular Ensino Religioso. Disponível em: https://ibiassuce.ba.gov.br/arquivos/9%20-%20%C3%81REA%20DE%20ENSINO%20RELIGIOSO.pdf Acesso em: 08/10/2024.

___________________________. Consulta PúblicaReferencial Curricular da Educação Básica do Município de Ibiassucê. Disponível em: https://ibiassuce.ba.gov.br/pages/consulta-referencial-curricular/ Acesso em: 08/10/2024.

Outras Bibliografias

UNIDADES de Ensino no curso de Teologia da UNIGRANRIO – Universidade do Grande Rio – AFYA

WEBCONFERÊNCIAS e VÍDEO AULAS – anotações das aulas e Web conferências.

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